Estou testando um formato novo de publicação de conteúdo, um vlog mais tranquilo, onde eu mostro um pouco da minha semana, de como está sendo a construção do Espaço Kabouter e o que tem rolado o Espaço de Fazer, que no futuro vai lá pro barracão, quando estiver pronto.
Ganhei uma câmera nova de aniversário da esposa, e isso deu um ânimo para experimentar um pouco com ângulos de filmagem, formato, e aí vai. Tenho tentado silenciar o bichinho que diz que não está bom o bastante, senão acabo não publicando nada.
Um dos motivos de eu ter parado de publicar esses vídeos que eu fazia antes é redes sociais. Eu estava de saco cheio de tentar ficar adequando o que eu fazia ao formato das redes, tentando agradar o algoritmo. Dessa vez eu vou fazer do jeito que eu quero, publicar no meu site, e tirar uns pedacinhos para ir jogando nas redes sociais, vamos ver se esse processo dá bom.
Por esses tempos reabri o Espaço de Fazer, também conhecido como minha marcenaria, e tem aparecido um pessoal bacana, está começando a movimentar. Aproveitei o tempo que estava por lá para fazer uns balanços para minhas crianças e montar uns ventiladores a partir de antigos ventiladores de câmara fria, para criar uma corrente de ar que reduza o pó da marcenaria, principalmente quando estamos lixando. É bom esses projetinhos bem curtinhos pra vencer a inércia, nada como a sensação de conseguir terminar.
Neil Gaiman já dizia, você tem que terminar, é assim que você aprende.
Como reabri o Espaço de Fazer, estive pensando em precificação. Por enquanto estou cobrando baratinho, porque a ideia agora é ter movimento. E estava conversando com o Allan, um novo amigo, sobre precificação em escala, quando você tem um valor social, ideal e abundante, para dar conta da realidade desigual brasileira.
O problema é que eu não sei se isso funciona na prática, tenho a impressão de que acaba criando um tipo de vergonha, e eu sou muito overthinker, eu penso mais do que deveria até fritar os miolos. Porque não é só dinheiro, né, o privilégio é muito mais complexo. Eu sou alguém que está sempre sem dinheiro, mas eu moro numa casa legal, tenho um carro, e aí vai.
Tenho a impressão de que muitas vezes você ter pessoas com renda menor pagando mais até por valorizarem mais. E gente que poderia estar na faixa de cima escolhendo a do meio, porque a gente sempre olha para cima. Eu não sou rico, o meu vizinho que é.
Enfim, eu gosto muito de outra ideia, a de Vagas de Trabalho, que são vagas gratuitas para o curso nas quais o participante, se compromete a ser um assistente, seja filmando uma coisa ou outra para redes sociais, dando uma forcinha no café ou chegando mais cedo para ajudar a organizar o espaço, sem nenhum prejuízo do aprendizado, claro. Tenho pensado nisso, em oferecer vagas de trabalho para todos os cursos que acontecerão no Espaço Kabouter.
Também estava trabalhando no barracão, montando as calhas da saída de água, o que, teoricamente era para ser algo simples, mas nunca é. Quis aproveitar que choveu para abrir a valeta onde vamos enterrar o cano de escoamento de água, porque essa terra aí, quando seca, é muito dura.
O problema é que fiquei com coisas em aberto, eu prefiro terminar uma parte antes de começar outra, mas como eu não tenho pressa para terminar essa parte, até que faz sentido fazer um pouco por dia, até porque preciso terminar de cavar o finalzinho da valeta, e como é cansativo, o trabalho rende mais com duas horinhas por dia do que ficar um dia inteiro nisso, porque o braço cansa e o ritmo diminui.
Também consegui terminar mais uma das vigas em arco do barracão, esse é o arco de número onze. Serão dezesseis nesse formato e mais quatro arcos um tanto maiores, que ficarão nas beiradas.
Essa é minha vida agora, tentando equilibrar esses trabalhos diferentes. Se por um lado eu acho que é esse o melhor jeito de conservar energia e continuar rodando, fazendo um pouco de trabalho pesado, um pouco de marcenaria, um pouco de trabalho repetitivo, por outro lado isso faz com que, de maneira geral, as coisas caminhem um pouco devagar.
Sempre acho que esse projeto está indo mais devagar do que deveria, mas eu preciso aceitar que estou fazendo algo grande, sozinho, e ainda dividindo meu tempo entre outros trabalhos, freelas e afins.
Escutei essa semana num podcast uma frase atribuída ao Dalai Lama, de que "este é um trabalho para mais de uma vida." O contexto da frase era mais espiritual, de trabalhar na própria evolução, por meio de muitas reencarnações.
Mas a frase ficou comigo e tenho pensado nisso quando me bate aquela ansiedade climática, aquela sensação de querer consertar a Natureza, sabe? Plantar florestas, agricultura regenerativa, bioconstrução. Mas isso tudo é trabalho para mais de uma vida.
Gosto muito de um conceito chamado "bom ancestral", de tentar viver uma vida que consiste em preparar o terreno para gerações futuras, de plantar uma castanheira que talvez nem dê castanha pra você, mas que possa produzir por quinhentos anos.
Claro que eu não posso levar uma vida inteira para terminar esse barracão, isso tem que terminar logo pra gente começar a brincar com coisas mais legais, mais eventos, cursos e coisas incríveis que vão acontecer lá.
Na cabeça a gente imagina uma linha reta, mas com a mão na massa as coisas dão mais errado, um parafuso de repente não encaixa na rosca que sofreu umas pancadas de madeira e você precisa de uma lima, paciência e meia hora de trabalho.
É isso que temos para essa semana, na semana que vem tem mais, agora que eu tenho um piloto posso pensar um pouco melhor em como ir filmando e editando para trazer um vlog bacana toda semana aqui.
E aí, me diga o que você achou desse formato, se funciona, se não funciona. Você pode comentar esse vídeo no Youtube, em www.espacokabouter.com.br, ou responder a esse e-mail, ou me dizer pessoalmente e vamos ver que tipo de salada a gente consegue fazer.
E se você quer frequentar o Espaço de Fazer ou se inscrever na oficina de marcenaria, tem tudo lá no site.
Obrigado e até a próxima,
Rodrigo.
Eu gosto de como você é uma pessoa que sempre inicia coisas pensando nos resultados a longo prazo. Isso é raro em tempos de imediatismo e velocidade como os nos quais vivemos. Quero um dia visitar esse espaço e quem sabe contribuir com ele, e te garanto que você já fez uma enorme diferença, na minha vida e na de muitas outras pessoas.
adorei esse conceito de “bom ancestral”. é disso que o mundo precisa: que as pessoas pensem menos em si mesmas, e mais no coletivo e no futuro.