Estou cansado. Estamos colocando as telhas da cobertura do Espaço Kabouter, e alguns movimentos específicos exigem bastante (como segurar a telha acima da cabeça, enquanto o Antônio coloca os primeiros parafusos). Chego ao fim do dia moído. Ontem capotei na cama antes das 9, e só não dormi antes porque tem a rotina com as crianças.
Apesar disso, estou animado. Com a cobertura, o galpão vai ficando com cara de “espaço”, e a cabeça está agitada com várias coisas para o ano que vem. Tenho vivido em fases. Essa é uma fase intensa de trabalho braçal. Em duas semanas ou menos terminamos o telhado, então entro em uma fase de planejamentos.
Estava pensando se escrevia essa newsletter ou se ia assistir mais uns episódios de Dungeon Meshi. Estou amando o anime. O problema é que estou chegando no final, e tenho certeza que vou me frustrar pelo não-final, como é o de todas as séries da Netflix, deixar tudo aberto pra talvez fazer mais uma temporada e estender até ficar ruim. Quero voltar a ver animes antigos, aqueles que o mundo explodia no final, ou o protagonista explodia, enfim, o roteirista dava um jeito de ninguém pedir mais nada daquilo ali.
Além disso, eu…
Passei um fim de semana sem energia elétrica em casa. As maritacas entraram no forro e comeram a fiação. Consegui consertar, mas passei um domingo inteiro colocando pedaços de madeira embaixo de cada telha do beiral para a bichas não entrarem de novo.
Primeiro problema direto com IA no trabalho, que achou que um trecho do texto que escrevi foi escrito por um robô. (¬_¬;)
Consegui escrever “afterthought” sem olhar no dicionário (mas tive que olhar porque duvidei que havia acertado). Comecei a escrever freelas em inglês, ajuda a segurar uns boletos.
Pensei em participar do Inktober esse ano, só postar desenhos simples, mas a lista oficial, que parecia uma propaganda da Track & Field, desanimou.
Estava ouvindo o podcast da Obvious com o Alexandre Coimbra Amaral, no qual ele diz que está faltando prazer na vida. E só é prazer quando não é parametrizado. Me peguei pensando se a alegria que sinto desenhando não mucharia ao ser transformada em algo diário, e temático, e ansiogênico (será que eu quero mesmo mostrar meus desenhos feios na Internet?). Adoro mesmo é desenhar na lousa de casa, porque é algo tão despretensioso, logo apaga. Desenhei uma bruxa pro Halloween, com corpo de corvo, que me deixou orgulhoso.
Reunião na Magh (a agência que me representa) sobre novos projetos e reescrita de projetos semiengavetados. Deu um gás para voltar a escrever, terminei um conto que seria para um livro infantil de FC, mas não gostei do resultado. O arco dramático está ruim, as crianças-protagonistas precisam de mais agência. Algumas cenas empolgaram meus filhos. Vou ver o que salva disso. Mas escrever, de verdade, só depois que o teto do galpão estiver instalado.
Bom demais Wendel e Wild, stop-motion do Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack, Coraline). A dublagem dos demônios que dão título ao filme está absolutamente perfeita.
Li Arzach, de Moebius, na biblioteca daqui. Não é pra mim. Ilustrações fodas, claro, mas é difícil eu ser pego por narrativas oníricas.
Li “A Mocinha do Mercado Central“, de Stella Maris Rezende. É o segundo livro da autora que me impressiona pela escrita direta, sem firulas, e, ainda assim, poética.
Li “O Filho da Bruxa“, de Michael Gruber, e estava adorando o livro, até chegar no final, que é praticamente um epílogo… Meio que estragou a experiência? O que é estranho, porque costumo gostar de finais assim.
Pra ler por aí
Bem-te-vi – Edvin Markstein Zimmermann
Tive a oportunidade de acompanhar em tempo real a época que o Edvin adotou um filhote perdido de bem-te-vi, nomeado Nestor. Inclusive conheci Nestor pessoalmente quando era adolescente. Neste post, Edvin conta a história toda.
Make it awkward! – Alexandra Plakias / Aeon Magazine
Rather than being a cringey personal failing, awkwardness is a collective rupture – and a chance to rewrite the social script.
Quando a criatividade acaba – Virginia Valbuza
É que, mesmo sofrendo consequências terríveis por conta das queimadas, nós continuamos trabalhando normalmente. O mundo “lá fora” se acabando em chamas, temperaturas insustentáveis ao longo dos dias, a gente sem nem conseguir pensar direito por intoxicação de monóxido de carbono e o chefe ainda pedindo aquele relatório, como se nada estivesse acontecendo.
Wired for care – How are you building a village in your own life? Rosie Spinks
What I’ve been thinking about over the past year is how we might go about creating our own ecologies of care now, alongside lobbying for the policies we so desperately need in the future. This effort would only work if it includes all of us: parents and non-parents. People who have families nearby and people who don’t. People who want to live in tidy apartments and people who want to live in intentional communities with overflowing jars of kombucha and chickens. All of these people are wired for care.
Antes de ir…
Estou com foco total na divulgação do Curso de Construção com Tijolo Ecológico, que vai acontecer em novembro aqui no Espaço Kabouter. Vamos construir as paredes do banheiro do galpão. Se você se interessa por essas coisas e quiser participar, vai ser legal =]
Fiquem bem,
RodrigovK
O galpão tá ficando demais! Tenho acompanhado seu "filhote" criar asas, e saber que o trabalho é manual e planejado no seu tempo, faz tudo ficar mais bonito. Valeu pela indicação do texto do Nestor e, por mais um empurrão pra assistir o anime que mistura RPG e culinária!